Chamada por muitos de a melhor idade, a velhice
pode proporcionar ganhos e ser realmente produtiva, fazendo com que o indivíduo
desfrute da vida e do tempo de forma saudável e com qualidade. Por outro
lado, conflitos e crises podem ser
desencadeados por alguns fatores comuns dessa fase da vida, tais como: mudanças
físicas e orgânicas, processos de luto, aposentadoria, condição de dependência,
perdas cognitivas, dificuldades de relacionamento e perda de papéis sociais.
A forma com que a pessoa lidará com essas questões
contribuirá de forma positiva ou negativa para a sua qualidade de vida. Porém,
nem sempre é fácil assimilar, trabalhar e aceitar todas as transformações
sozinha. Para que o indivíduo se abra às novas possibilidades oferecidas por
essa fase da vida, é fundamental que ele entenda as perdas e os ganhos e que
reaja positivamente às mudanças ocorridas com o processo de envelhecimento. O psicólogo está preparado para orientar o indivíduo
neste processo de descoberta e de adaptação, ajudando o idoso a enfrentar
de maneira satisfatória os desafios relacionados à velhice.
Se esses fatores não são trabalhados da maneira adequada, o
idoso poderá desenvolver alguns problemas emocionais e psicológicos, como: quadros
depressivos, transtornos de ansiedade, vícios (por exemplo, alcoolismo), isolamento,
transtornos alimentares (por exemplo, anorexia ou obesidade), situações de
estresse, vivência do luto pela perda de entes queridos e mesmo o luto pela perda
de sua própria identidade; entre outros.
Quando falamos nas mudanças físicas, consideramos
que o corpo sofre alterações não só na aparência, mas também em algumas
funções, como desempenho sexual/libido, ou como a mobilidade que pode, aos
poucos, tornar-se reduzida: a pessoa não consegue desempenhar algumas
atividades da mesma forma que antes, poderá fazê-las de forma mais lenta ou com
certa dificuldade. Também a questão da aparência deve ser levada em
consideração como um processo que muitas vezes tem difícil adaptação, pois a
forma como a pessoa percebe o seu corpo está intimamente ligada com a
construção da identidade – ela se vê assim como é o seu corpo.
O fator econômico também é considerado neste
processo de adaptação, ou seja, a relação que o idoso faz entre o “trabalhar e
ganhar dinheiro” com o “ser produtivo, ser útil”.
O seu papel dentro do ambiente familiar também pode
sofrer alterações que exigirão adaptação, como quando não há mais que se
responsabilizar pelos filhos que já têm suas próprias vidas e estão longe de
casa; quando se passa mais tempo na convivência do cônjuge ou outros familiares
em casa, já que agora não trabalha fora; quando se torna dependente do cuidado
dos filhos ou de outros familiares, etc.
O fator “dependência” merece
bastante atenção neste sentido, pois uma das características que se relacionam
com a fase da velhice são as eventuais doenças que alteram o curso normal da
vida e do envelhecimento – por exemplo, as doenças crônico-degenerativas. Nesses
casos, além de prestar atendimento ao idoso, promovendo a estimulação
cognitiva, o psicólogo oferece orientação familiar. Dessa forma, o entorno pode
contribuir fortemente para melhorar a qualidade de vida do indivíduo e a sua
socialização. Vale ressaltar que o apoio da família é fundamental para que
o idoso se sinta acolhido e para que se preserve o sentimento de
pertencimento. Assim, trabalhar na psicoterapia a motivação e a autoestima
do idoso auxilia ainda no tratamento de demais patologias que podem
estar presentes, como diabetes, hipertensão ou outras em que o uso de medicações
de forma contínua é necessário.
Portanto, a psicoterapia na terceira idade deve ser
compreendida como uma ferramenta que irá contribuir para a promoção de
bem-estar, saúde e qualidade de vida e deve sempre ser pensada como aliada aos
demais tratamentos ao idoso.